Não vou me cansar de falar isso: viagem boa é aquela pro destino que VOCÊ está doido para conhecer e na época certa. Não há roteiro que se aplique à todos. Nada pior do que ir parar numa cidade ou fazer um passeio apenas por indicação, ou conveniência, sem ter a certeza se aquilo faz o seu tipo. Ainda pior é viajar para o nordeste em época de chuva ou para o hemisfério norte em rigoroso inverno. Imagine estação de ski sem neve? Acertar o itinerário e a época do ano garante suas férias e, claro, valoriza seus gastos. Eu sei, parece óbvio, mas não é!

Por isso, sem essa de comprar passagem aérea pela tentação da promoção antes checar dois itens: 1) É realmente pra lá que estou afim de ir? e 2) Será que esta passagem não tá baratinha porque este lugar simplesmente não funciona nesta estação? Se para aquele módico valor encontrado a resposta é Sim e Sim, aí você realmente tem chances de ter se dado bem.

Nos outros casos…

-> Sim, tem como chegar lá!
Não existe voo direto do Brasil para qualquer lugar do planeta, óbvio. Nem por isso você precisa comprar sua passagem até a metade do caminho (jamais faça isso!) e depois tentar atingir seu destino por conta própria. Saiba que qualquer companhia aérea europeia te leva a Praga ou Veneza e qualquer companhia aérea americana tem voos para Las Vegas, saindo do Brasil. Para isso, claro, você vai precisar fazer uma conexão. Não tem mistério. É bem menos desgastante esperar algumas horas no aeroporto para o próximo voo, com as garantias de qualquer imprevisto subsidiado pela sua companhia aérea, do que voar até a cidade X, desembarcar, pegar mala e etc e se virar para ir para a seu destino Y em outro voo, de ônibus ou trem. Qualquer viagem para Ásia saindo do Brasil vai te exigir conexão (são pouquíssimos os voos com apenas escalas e muito mais cansativos).

Tenha estratégia na hora de montar o seu roteiro e considere todo o custo da logística de deslocamento de um lugar para o outro. Calcule o quanto realmente compensa cada perrengue – passagem aérea vale a pena quando é para o seu destino de interesse. Quando viajamos, muitas vezes o “barato” sai caríssimo.

-> Não se engane com as distâncias
A distância entre duas cidades pode ser maior do que você imagina. Não dá para programar um deslocamento de Londres para Roma (2h20min de voo) sem considerar que a viagem toda vai te tomar um dia inteiro, incluindo trâmites de aeroporto e transfers. Pior é achar que, porque você está programando aquela trip dos sonhos para a Ásia, é possível sair da Tailândia e, “já que estou aqui pertinho”, visitar o Japão. Seriam mais de 6 hs de avião!

Vale ressaltar que voos longos são caros e 4 horas aqui também serão 4 horas de duração em qualquer lugar.  Acredite, mas este erro é tipicamente cometido por quem está indo viajar para a Europa ou Ásia e quer conquistar uma dezena de países num roteiro só. Não dá!

(Não esqueça: do Rio de Janeiro até Buenos Aires a duração do voo é de aproximadamente 3 horas e, tenho certeza, você não acha que está indo ali na esquina)

-> Vou visitar vários destinos na minha viagem. Compro o voo ida-e-volta pra qual deles?
A melhor resposta é: compre os voos de ida para o primeiro lugar e volta saindo a partir do último! Na hora de buscar suas passagens considere sempre utilizar a opção “múltiplos destinos”. Te garanto que a diferença na tarifa não será significativa e em muitos casos pode haver até melhores preços do que o preço do bilhete de destino único.

• Exemplo 1: Você quer fazer o combinadão Londres-Paris. Para isso compre seu voo de ida para uma cidade e volta por outra. Mais: utilizando a opção “múltiplos destinos”, inclua o trecho entre as duas cidades na cotação da sua tarifa. Simule. Dependendo do valor considere outra experiência e faça a troca de cidades de trem. Teste outras companhias orçando apenas este voo interno nos sites consolidadores. Ah, e dica: deixe a cidade que você está mais ansioso(a) em conhecer por último.
• Exemplo 2: Super viagem num único país, tipo Itália, Portugal ou Espanha. Compre seu voo de ida para Veneza e volta por Roma. Ida para o Porto e volta por Lisboa. Ida para Barcelona e volta por Madri. Seja criativo nos trechos internos, curta as cidades. Vá de trem, orce voos curtos. Alugue um carro numa cidade e devolva em outra.
• Exemplo 3: Numa visita ao Peru, compre voos de ida para Lima e volta saindo de Cusco, ainda que você tenha que fazer conexão em Lima para chegar ao Brasil. Não compre ida-e-volta para a Lima, não compensa. Adicione um trecho na opção “múltiplos destinos” e orce a tarifa total incluindo a passagem doméstica Lima-Cusco. Lembre: você não pode desembarcar na cidade do seu voo-conexão! (leia mais abaixo) De novo: simule, faça testes e seja criativo com o seu roteiro.

-> E agora: que companhias devo atacar?
Inicie suas buscas utilizando um bom site consolidador. Recomendo o Expedia, Decolar e o SkyScanner (este último o meu predileto). Entenda cada oferta no detalhe, analisando o itinerário e duração das conexões, quando existirem. Cuidado com os horários extremos de embarque (cedo demais ou tarde da noite) e as trocas de aeronave com pernoite, que são uma grande roubada. Inclua os voos internos no Brasil na sua passagem internacional, mantendo suas garantias e franquia de bagagem. Faça simulações variando datas, retirando os trechos domésticos e utilizando filtros de classe, conexão e horário. Verifique com cautela as cobranças adicionais de taxas de embarque, combustível e de emissão.

Dica: Com os voos mais baratos na tela simule o mesmo percurso desta vez no site da companhia aérea – a maioria delas com versão em português e atendimento por telefone. Tente de tudo para efetuar a compra online evitando sobretaxas de agências.

-> E quando vale a pena usar as low-costs?
Leia Aqui.

-> Qual a lógica de, às vezes, os voos com conexão serem mais baratos do que os diretos?
Sei lá. Vai saber a fórmula das empresas na hora de precificar as passagens, mas dá para entender que o cálculo não é feito por distância, mas sim por procura. Na verdade, faz sentido imaginar que as cias aéreas conseguem barganhar esta comodidade de te levar direto ao destino cobrando mais caro por isso. Tem um monte de voo para os EUA via Lima e Panamá saindo bem mais em conta do que os sem conexão. Para a Europa então nem se fala. É muito provável que os voos para Madri da KLM, Air France ou Lufthansa sejam mais baratos do que o direto operado pela Iberia. Utilize esta vantagem ao seu favor, mas cuidado para não meter os pés pelas mãos. Volte lá no primeiro tópico desta página: monte sua estratégia e simule muito para fazer a compra certa.

-> Comprei meu voo para Paris com conexão em Amsterdam. Posso aproveitar e descer em Amsterdam?
Não pode jamais! Se fizer isso não vai encontrar sua mala (que estará etiquetada para o seu destino final) e perderá sua reserva e direitos de embarcar no voo seguinte. Quer ficar em Amsterdam? Programe uma passagem com stop over na cidade, comprando através da função múltiplos destinos.

-> Não estou achando o voo que eu procuro (ou as opções são bizarras!)
Eu sei que quando estamos montando nosso roteiro de férias, criamos rotas totalmente convenientes para nós mesmos sem sabermos se quiçá elas existem. Quando começamos a explorar o interior ou visitar países pequenos as coisas se complicam ainda mais. Cansei de ouvir gente me perguntando: por que só acho voo contramão da cidade X para Y, caríssimo e fazendo conexão lá na casa do chapéu? E a resposta parece óbvia, pois é muito provável que não exista voos diretos da cidade X para Y. 

Quando começo a montar os meus roteiros de viagem sempre vou checando para onde me leva o aeroporto daquele local. Desta forma, vou marcando no mapa as cidades de interesse e verificando como posso chegar até elas (de ônibus, trem ou avião). Faço roteiros circulares ou iniciando num lugar e terminando em outro, quando consigo bons preços numa passagem múltiplo destino do Brasil.

Ao longo destes anos, tenho praticado algo ridiculamente simples e que funciona muito. Jogo o nome da cidade no Google (preferencialmente em inglês) junto com a palavra “airport”. Um dos primeiros retornos será a página do Wikipedia para aquele aeroporto, onde há uma tabela com todas as companhias que operam por lá com suas cidades de destino. Pimba! Estas informações são valiosíssimas! Agora você sabe para onde pode ir e o nome da companhia que faz tal voo – te abrindo a oportunidade de ir na fonte, no site desta cia. aérea, em busca da melhor passagem. Não é demais? Vai por mim, você terá outra perspectiva na hora de criar seu itinerário.

-> Por último, a roubada mais comum dos voos não-integrados
Para fechar com chave de ouro, faça tudo que puder para evitar comprar os trechos internos ou domésticos não-integrados com seu voo principal. Eu sei que muitas vezes o valor da passagem dispara quando você inclui o trecho doméstico e os preços separados parecem tentadores. Mas é preciso muito cuidado, pois caso ocorra qualquer imprevisto seus custos podem quadruplicar. Se o primeiro voo atrasar, você perde o segundo sem direito ou amparo de nenhuma das duas companhias aéreas envolvidas. É preciso calcular se tal economia compensa o risco e a dor de cabeça.