Onde ficar | O que fazer | O que comer | Quando ir
Fui parar em Hong Kong na minha terceira incursão pela Ásia. Sem falsa modéstia, digamos assim que eu já estava meio cascudo em visitar o outro lado do mundo. Aquela sensação de gringo-bobo e peixe-fora-d’água já não incomodava mais e minha disposição era mesmo em enfrentar experiências (ainda mais) arriscadas.
Com uma passagem anterior pela China, confesso que viajei para Hong Kong desacreditado. Estava pronto para encontrar uma metrópole nova-yorkizada pelos Starbucks da vida; com ocidentais nórdicos enchendo as linhas de metrô; empresas europeias espalhadas em arranha-céus de vidro. Cheguei a pensar que meu cantonês limitado ao “Ni Hao” (Olá) e “Xiê Xiê” (Obrigado) se quer mereceria dedicação.
Me enganei. Hong Kong é China chinesa, minha gente! Não que a cidade não seja enorme e super-moderna como eu imaginava, mas é que Hong Kong tem a tosqueira oriental característica que faz minha paixão por esta região pulular.
E tudo isso, porque aconteceu assim: desembarquei no gigantesco e distante aeroporto internacional do país no entardecer e com o coração na boca. Supostamente, minha mulher já havia chegado sozinha do Brasil horas antes e me esperava no hotel – tinha um bom tempo que não nos víamos. Munido de informações de um grande amigo, e fã incondicional da cidade, utilizei o trem Airport Express para me levar até a estação Kowloon, próxima à minha hospedagem. A praticidade e organização do transporte público representavam aquela Hong Kong que previa. O meu jantar de reencontro nos arredores da caótica Nathan Road fez meus olhos retificarem as outras expectativas.
ONDE FICAR
Hong Kong é uma cidade-estado. E é grande sem parecer ser. Sua principal estrutura geográfica está distribuída entre três macro regiões: a ilha de Lantau, a península de Kowloon e a ilha de Hong Kong. Em Lantau está o aeroporto, o mandatório Grande Buddha e a Disneyland. Entretanto, não se hospede por lá – a cidade só acontece mesmo em Kowloon e na outra ilha.
A artéria aorta do sul da península é a movimentada avenida Nathan Road. São dezenas de enormes shoppings centers com marcas de grife e mais uma centena de camelôs de bugigangas nas cercanias do lugar. A maior concentração de hotéis está próxima a baía, geralmente com vista para a Victoria Harbour, mas ótimas opções são possíveis nas proximidades do cruzamento da Nathan com a Jordan Road. Este entroncamento é praticamente a fronteira entre os bairros bacanas de Yau Ma Tei (norte) e Tsim Sha Tsui (sul).
A região é tomada por estações de metrô, cafés, restaurantes, spas de massagem e muitas feiras de rua. Os aventureiros gastronômicos (presente!) vão se deliciar nas tantas oportunidades oferecidas. É muito seguro e fácil se locomover – a pé! – e um mapinha simples de papel resolverá os seus problemas.
A Ilha
Com uma pegada mais modernosa, a ilha de Hong Kong tem cara de cidade litorânea e bem menos néons do que sua península vizinha. Aqui também a maioria absoluta dos hotéis fica margeando a Victoria Harbour, do porto do ferry à Causeway Bay. Para os baladeiros, e apenas para eles, a melhor hospedagem é ficar no burburinho do Lan Kwai Fong e Soho – conglomerado de bares e boates cuja a vida noturna merece um dossiê à parte.
Quer acertar? Opte por Kowloon. Qualquer hotel próximo a uma estação de metrô e que beira a Nathan Road vai ser mão na roda.
O QUE FAZER
Quatro dias inteiros são ideais para conhecer o basicão de Hong Kong. Pese nessa conta um dia de ressaca, se você tiver planos de fazer uma noitada num dos tantos maneiríssimos bares de Lan Kwai Fong (LKF). Eu sei, vai, é bairro para turista estrangeiro… mas quem vai dizer que não é legal?
O ponto de chegada para as ladeiras de LKF é a estação central de Hong Kong. Procure a saída D2 e siga plaquinhas indicativas em cada esquina, no sentido LKF ou Soho. Ainda que você não curta baladas, passe um início de noite petiscando em algum barzinho descolado do lugar.
O metrô funciona até 1 da manhã. Depois disso, só táxis (e sem taxímetro!).
Um dia em Kowloon
Se estiver em Hong Kong atravesse para Kowloon de ferry, saindo da estação central, por HK$ 2,50 (menos de 1 real!). Aproveite para curtir o visual privilegiado da baía.
Na península, à beira da Victoria Harbour, caminhe pela Avenue os Stars, uma calçada da fama de artistas chineses conhecida pela estátua do célebre Bruce Lee. Daí comece a adentrar no bairro Tsim Sha Tsui subindo a Nathan Road. Vá batendo perna sem rumo com um mapa comum, fornecido pelo seu hotel. Mantenha os olhos bem abertos e não dê bola para as dezenas de imigrantes que vão te oferecer relógios, bolsas falsas e joias no meio da rua. Faça guinadas para o lado leste (East), mergulhando mais fundo na vida da cidade.
A região toda é ótima para compras – de roupas a eletrônicos – e num passeio agradável entre shoppings, devagarzinho você chega no cruzamento com a Jordan Road. Com muitas opções de farmácia de produtos orientais, logo ali na esquina entre Jordan e Nathan visite a Yue Hwa Chinese Emporium para comprar artigos locais e pomadinhas Tiger Balm.
Vire a esquerda, sentido oeste (West), e aproveite para beliscar algo no restaurante ou café que chamar a sua atenção. No final da tarde o camelódromo da Temple Street Market começa a ganhar forma. É muita quinquilharia e muita barraquinha de comida. Vá com paciência.
Cansou? Faça uma massagem nos pés (Foot Massage) em um dos spas.
Um dia na Ilha
Sobre os bairros descolados de Lan Kwai Fong e Soho eu já dei os meus pitacos. O que vale reforçar: além da vida noturna quentíssima, toda região é forrada de interessantes feiras e surpresas a cada esquina. Para não se desgastar, utilize as escadas rolantes da Shelley Street e venha descendo costurando as ruelas, sem destino definido.
Outra área bem legal é Wan Chai. A Lockhart Road tem um canteiro central de palmeiras altas bem bacana. Os dois lados da avenida oferecem bons comércios e muitos pubs. Perambule por lá ou vá até o Causeway Bay comprar roupas de grife.
Nos deslocamentos por toda a cidade, utilize o metrô que tem uma malha bem extensa e é fácil de usar.
Lantau
Você pode até não querer conhecer a Disneyland de Hong Kong, mas um passeio em Lantau é obrigatório: visitar o Tian Tan Buddha. A estátua de bronze de 34 metros altura é o principal símbolo budista do país e fica em cima de uma montanha. A área do topo tem ótima infraestrutura com banheiros, lojas, cafeterias e casas de chá, atrações infantis e um lindo monastério. A maneira mais legal de chegar lá em cima é via teleférico.
No calendário chinês, 2015 é o ano da ovelha
O rolê começa em Tung Chung, estação final da linha laranja do metrô que leva o mesmo nome. É em Tung Chung que você pega o longuíssimo teleférico Ngong Ping 360.
São 20 minutos no carrinho, percorrendo 5,7 Km de um visual alucinante. (DICA: as filas costumam ser gigantes e demoradas, e para não dar a bobeira que eu dei, vale comprar os bilhetes antecipados online e partir direto para a área de embarque.)
A viagem na cabine de cristal (Crystal Cabin) é interessante. Para economizar, compre o ingresso 1+1 escolhendo a cabine de chão transparente na ida e voltando no modelo Standard.
Curta o Grande Buddha com calma. Você vai precisar de uma manhã ou uma tarde inteira.
O QUE COMER
O carro-chefe da gastronomia típica cantonesa é o Dim Sum. E Hong Kong é o berço deles. Os dim sums são bolinhos recheados feitos no vapor ou assados e geralmente servidos quartetos em cestinhas de bambu. A ideia é que sejam compartilhados e consumidos em qualquer refeição: café da manhã, almoço ou janta.
A variedade de bolinhos é infinita – cantoneses garantem existir milhares de tipos. Os dim sums podem ser de trigo ou arroz; assados ou no vapor; tipo pãozinho ou panqueca; sequinhos ou molengos; salgados ou doces; redondos ou quadrados; transparentes, brancos ou amarelos; de carne de porco, boi, frango, camarão ou vegetais. É uma comida divertida! E barata. E saborosa. Em inglês eles são conhecidos por dumplings e normalmente vêm acompanhados de chá de jasmim. Para mim, eles caem bem é com cerveja.
Vai por mim: o melhor dim sum de rua (Parkes St 89, esquina com a Nanking, em Yau Ma Tei)
Para quem tem um paladar mais ousado, outra opção legal em Hong Kong são as barracas de comidas nos arredores da Temple Street, em Yau Ma Tei. Os macarrõezinhos noodles são servidos em cumbucas caldulentas, como sopas, ou fritos em chapa, com acompanhamentos à gosto. Há também inúmeros tipos de espetinhos (skewer).
Mas… se nada disso te apetece, não tem problema. A cidade tem uma lista enorme de restaurantes contemporâneos premiados pelo Guia Michelin. Basta que o seu bolso esteja mais recheado do que os bolinhos dim sum.
QUANDO IR
Hong Kong tem clima subtropical úmido, com verão quente e chuvoso.
Por isso, evite os meses de Junho a Setembro, quando pode ocorrer fortes tempestades e tufões. O inverno é seco e a temperatura não despenca abaixo dos 15 graus, entretanto o céu pode ficar nublado em Fevereiro e Março – quando eu fui.
As estações mais agradáveis são a Primavera, em Abril e Maio (média de 20 °C), e no Outono, com dias ensolarados e secos, entre Outubro e Novembro (temperatura média de 23 °C).
Caio, está muito bom!. Dicas sutis, fáceis de acompanhar e certamente úteis para qualquer viajante, mesmo que de primeira viagem. Sucesso para o site vousemguia.com.br
Adorei o post Caio! Já fui pra Hong Kong e adorei! Vi que ainda não escreveu sobre a Austrália, quando vim pra esses lados vc e sua mulher tem lugar garantido aqui em casa 😉 saudades de toda sua família. Beijos
Que demais, Giu! Quem sabe a gente não se encontra por aí na Austrália em breve… Bom ver você aqui. Beijos!