Arrumando a mala

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Não existe coisa pior para quem vai viajar do que arrumar as malas. Na ida é aquela dor de cabeça misturada com a ansiedade do início da viagem – é preciso verificar o checklist com calma para se certificar que nada está ficando para trás. Na volta, a arrumação se torna um verdadeiro estorvo para fazer caber tudo que parece ter quadruplicado de tamanho.

De tudo que sei, uma dica é certeira: leve metade do que você acha que vai precisar. Se quiser viajar leve, você tem que aprender a arte ‘das roupas que combinam entre si’ para não ter que renunciar da escolha de um novo visual a cada dia. Com as peças coringa do armário, o lance é repetir sem estar igual.

E quer mais algum conselho? Listei três simples truques para arrumar sua mala de maneira ainda mais prática.

Mala ou mochila?

Vasco ou Flamengo? Corinthians ou Palmeiras? 

Viajantes experientes defendem seus estilos com unhas e dentes e listam mil razões para viajar melhor com mala ou mochila. As discussões são ferrenhas e as recomendações nem sempre conclusivas. Eu já acho que tem espaço para os dois casos e há viagens melhores para serem feitas com mochilas e outras com mala. Agora, seja lá qual for a sua praia, uma coisa não deve mudar.

Mochilas devem sempre ser do tipo Traveller. Ou seja, alças reforçadas e costado acolchoado; cinto abdominal; zíper duplo de abertura total do compartimento principal; bolsa de ataque destacável. Aqueles mochilões no formato saco – com apenas uma entrada superior – são coisa de alpinista. Esqueça. Sugestão de tamanho? 70 litros.

Já as Malas precisam ter quatro rodinhas giratórias 360º independentes e alça retrátil com duas alturas. Antigamente, as versões de casco rígido costumavam ser muito pesadas, mas isso não acontece mais. Ainda assim, prefira as “flexíveis” fabricadas com material resistente. Tamanho? M, até 70 cm de altura.

A propósito, essas dicas de bagagem funcionam para viagens de 15 ou 40 dias. Não caia na roubada carregando um trambolho e aprenda a usar as lavanderias de rua. Vai por mim, quem viaja com pouca bagagem viaja melhor.

E o que é melhor?

Alô, Brasil! Você não está querendo que eu desvende o segredo do universo, né? Sei lá o que é melhor, vai depender de você. Eu faço a seguinte avaliação. Se a viagem preserva mais tempo em cada lugar e menos mudanças de cidade; usarei o carro na maior parte do tempo como meio de transporte; e estou afim de andar mais engomado, mantendo as roupas arrumadas; vou de mala. Mas se o plano é rodar em destinos caóticos / inóspitos; tem que andar muito e com trocas de cidade; vou pegar vários voos, ônibus ou trens; aí preciso de praticidade e acho melhor levar uma mochila. Sacou?

Bagagem de mão

Simplesmente tudo que você não pode abrir mão deve estar na sua maleta a bordo. Jamais despache documentos, equipamentos eletrônicos (incluindo laptops), carregadores e adaptadores, óculos, remédios e joias. Tenha contigo também um bom fone de ouvido e um protetor de olhos para dormir. Para meu conforto, levo uma muda de roupas: camisa extra, par de meia, bermuda/calça e roupa de baixo. Desta forma, me previno contra qualquer imprevisto ou uma mala extraviada. Tudo isso cabe numa mochila comum, tamanho médio.

Os mais precavidos – ou que precisam de mais espaço – podem utilizar uma maletinha de mão do tipo carry on, com dimensões máximas 55 x 35 x 25 cm e aproximadamente 5 Kg. Fique atento apenas as restrições dos voos internacionais onde só permitem o transporte dentro do avião de líquidos em frascos de até 100 ml e colocados em embalagem plástica transparente.

Para mais comodidade a bordo, leia aqui.

Vamos lá! Arrumando a mala

Sempre viajei muito de carro com minha família. E o meu pai sempre foi um gênio na arrumação de porta malas – fazia caber tanta coisa que ninguém acreditava como ele tinha conseguido carregar aquilo tudo. Não herdei nem metade das suas técnicas, mas me considero um bom arrumador de malas.

Primeiro: separe tudo que vai precisar

Sua viagem é para o campo, praia ou cidade? Verão ou inverno? Vai praticar atividade esportiva? Com tudo em mente, imprima o checklist de viagem e comece a separar o que vai precisar. Faça isso antes da véspera, com calma. Dispunha tudo sobre uma cama ou mesa e analise o que o escolheu.

roupas-na-cama

Identifique as peças-chaves (shorts e calças), que combinam com qualquer coisa. Dê preferências para roupas que não amassam. Reserve looks prontos e contabilize uma combinação por dia sem ultrapassar… doze! Se achar que está levando pouca coisa, retire mais umas duas peças.  De novo, seja adepto da arte ‘das roupas que combinam entre si’ e use lavanderias se a sua viajem durar mais do que 2 semanas.

Na hora de montar a mala

Os mais pesados sempre no fundo (calçados, casacos grossos e calças). Embrulhe pares de sapatos, tênis e chinelos um sob o outro e em sacolas plásticas separadas. Use o compartimento da tampa para meias, roupas íntimas, trajes de banho e pijama. Camisas de algodão podem ser dobradas ao tamanho mínimo ou dispostas em formato rolinho. Aproveite as gretas entre as peças para colocar acessórios menores (cintos, bijuterias, maquiagem). Cosméticos e higiene pessoal devem ser recolocados em frascos para viagem, bem menores, e guardados numa bolsinha nécessaire impermeável. Qualquer item frágil deve estar posicionado no centro da mala, entre as roupas, e jamais nos cantos.

Vista sua bota mais pesada e o seu maior casaco no dia da viagem, liberando espaço na mala.

Os coringas da bagagem

Tenha ao menos três sacolas plásticas reserva dobradinhas dentro da mala. Melhor ainda se conseguir sacos zip lock. Leve alguns elásticos e/ou uma fita crepe para fazer embrulhos e reforçar tampas de cosméticos. Você vai me agradecer por isso.

Antes de fechar e correr para o abraço…

Uma vez, quando cheguei em casa, voltando dos EUA, reparei que o zíper da minha mochilona despachada estava órfão de cadeado. Ao abrir a bolsa, lá encontrei o danado arrombado e colado na cartinha da TSA (Transport Security Administration) que dizia que as minhas coisas tinham sido examinadas pelos inspetores americanos. Nada parecia estar fora do lugar e o preju foi apenas o cadeado Papaiz que eu perdi.

Mesmo assim, resolvi não dar mais bobeira e hoje só viajo com minhas malas trancadas com cadeados aprovados pela TSA. Basicamente, isso significa que os agentes americanos têm uma chave-mestra capaz de abrir o cadeado, sem destruí-lo, caso queiram inspecionar algo.

cadeado-tsa-e-tagCadeados aceitos pelo TSA têm o losango vermelho indicativo 

Mas é obrigatório somente para viagens aos EUA? Teoricamente sim, mas com este modelo você evita problema em qualquer lugar.

Ah, e para se prevenir contra qualquer outro contratempo, identifique sua mala com uma boa tag emborrachada (ou de couro) com cinta firme. Informe seus dados completos em letras claras e com marcador permanente.

Buen viaje, amigos!