Aluguel de temporada em viagem
Caio Tristão
Caio Tristão
Atualizado em 23/07/15

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Minha pressa em conhecer vários países passou. Cada vez mais também fujo daquelas listas intermináveis de museus e praças “obrigatórios” e na contramão busco aqueles bairros com atrações mais locais e menos turísticas, onde posso, ao menos por um instante, me sentir um nativo (!). Possivelmente faço parte de uma tendência. Parte de um conceito cada vez mais comum no mundo das viagens e dos viajantes.

E o xeque mate para entrar neste clube é alugar um apartamento na sua próxima viagem. Mas, muita calma nesta hora.

Aqui a brincadeira é um pouquinho mais complicada, porque abdicar dos hotéis não é tarefa fácil. É preciso que você saiba em que momento alugar um apartamento de temporada se encaixa nas suas férias e combina com o seu perfil. Dar este próximo passo na sua carreira de turista vai te exigir risco, cautela e paciência – mas não requer nenhum tipo de experiência! Vamos lá?

Regrinha do preço: ficando mais tempo, mais barato se paga

Para que sua experiência de morador faça sentido, eu sugiro que você só cogite ficar em apartamento caso vá passar um tempo razoável na cidade. Todos os trâmites para fechar o aluguel e, por outro lado, os benefícios deste tipo de hospedagem só valem a pena para quem gastar ao menos quatro dias dormindo no apê – também é bem improvável que você vá encontrar disponibilidade para períodos menores. Além disso, é no pacote de uma semana que vai perceber que os valores das diárias são bem atraentes em comparação aos hotéis 3 e 4 estrelas.

Mas não vá achando que poupará muito dinheiro embarcando com a família inteira, levando tios, primos e papagaio, colocando todo mundo em colchonetes na sala, e pagando uma tarifa única. Deixe claro, durante a reserva, quantas pessoas estarão se hospedando no apartamento para evitar problemas com o proprietário.

Buscando o seu e fazendo a reserva

Não é tão fácil assim como achar hotéis. Tampouco existe um bom site que concentre opções de apartamentos de temporada para qualquer lugar do mundo. A busca aqui vai exigir um tanto da sua criatividade.

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  1. Google.com
    Tem que começar pelo Google mesmo. E tem que ser em inglês, fazer o quê. Aliás, saiba de antemão que para diminuir sua chance de erro você deverá interagir com o dono da casa para esclarecer os detalhes (por email e provavelmente em inglês). Junto com o nome da cidade, procure por “apartment rentals”, “vacation rentals” ou ambos.
  2. Instinto Sherlock Holmes
    Saia varrendo os vários sites que vão aparecer. Sabendo em que bairro/região ficar, analise preços, fotos e serviços. Jogue o endereço no Google Maps e verifique a vizinhança usando o Street View – esta etapa vai demandar tempo e paciência. Preze pelo básico: cozinha equipada, internet wifi, toalha e roupa de cama.
  3. Tire o caranguejo do bolso
    Quando for bater o martelo esteja atento ao pagamento – em geral é exigido de 30 a 50% do preço total no momento da reserva. Se o site for de uma imobiliária, além de maior segurança, possivelmente você poderá utilizar cartão de crédito. Quando o contato é direto com o proprietário, a maneira mais comum para transferir seu dinheiro é o Paypal.com.
    Importante: o saldo restante é quitado integralmente no momento da chegada e em dinheiro vivo. Também é normal que seja pedido o valor de uma diária como depósito (ou caução) – que será devolvido na sua saída. Esteja preparado!
  4. Combine tudo com o proprietário
    Reserva feita, contate o proprietário. Tire todas as suas dúvidas. Lembre-se que não haverá recepcionista nem atendimento 24hs. Esclareça o seu horário previsto de chegada e combine a melhor forma de retirada das chaves.

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E o AirBnB, funciona?
Não dá pra dizer que o AirBnB seja um site comum para aluguel de temporada. Muito além do seu visual maneiríssimo, o portal funciona com um jeitão de rede social e tem um método de contrato relativamente parecido com o Mercado Livre. No site de vendas, assim como compradores e vendedores são avaliados a cada transação, acumulando pontos e status na rede, no AirBnB inquilinos e proprietários são avaliados um pelo outro e vão ganhando ‘popularidade’ entre usuários. Por isso, para usar a ferramenta, é preciso criar um perfil com foto e texto de apresentação pessoal (in English, de preferência).

Com cadastro feito, na página principal, em português, você pode buscar aluguéis de temporada digitando o nome da cidade em qualquer país e o período da estadia. Daí pra frente o procedimento segue como uma reserva de hotéis tradicional, mas com uma curiosa etapa adicional. O anfitrião pode recusar seu pedido de aluguel – dada sua reputação na rede. O pagamento é feito pelo PayPal ou cartão de crédito e a comunicação com o proprietário se dará através do seu mural no site. É legal!

Curtindo a vida de morador

Com um apartamento em mãos é possível planejar um roteiro diferenciado e se safar de imprevistos: uma virada no tempo que te impede sair à rua, um feriado não planejado que deixa a cidade morta. Nestas horas, a sensação de participar – ainda que de dentro de casa – do cotidiano da cidade como um local é divertidíssima.

Diminua a velocidade da sua viagem. Dê atenção aos detalhes. Faça uma compra e recheie sua geladeira de água, quitutes, pães, cervejas regionais e vinhos, tudo com preços de supermercado. Desfrute o seu próprio ritmo, fazendo o seu café da manhã e escapando de restaurantes feitos para turistas. Entenda a vizinhança e tente se familiarizar com o bairro.

A decepção mora ao lado

Tem tudo para dar certo, mas jamais se esqueça: não há camareira (salvo raríssimas exceções), tem que lavar a louça e a toalha precisa secar pendurada.  O apartamento também pode não parecer exatamente igual aquele da foto e a vizinhança pode ser uma loucura. Saiba que há riscos e coloque tudo na balança.

Só que viajar é isso. É preciso saber curtir o perrengue. Por isso, cruze os dedos e confie na sua intuição. Jamais acredite numa opinião só e divirta-se acima de tudo!

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